top of page
Buscar

Síndrome de Boreout- o que é e como enfrentá-la


Vou ao armarinho do bairro comprar lã para fazer um cachecol. A funcionária da loja mal me cumprimenta e mesmo eu sendo a única cliente (freguesa) por lá e ela a única trabalhadora, ela segue em seus afazeres com cara de poucos amigos. São só 9:30 da manhã, mas se vê em seu rosto o pouco gosto por estar ali. Pergunto algo sobre tipo de linha e tamanho de agulha adequados e a resposta vem seca: "Não sei nada de crochê. Não tenho habilidades manuais". Agradeço e saio sem minhas lãs e com muitas indagações na cabeça.

Meu mentorado, tem mil ideias para melhorar o fluxo do trabalho que está engajado e passou o final de semana preparando o escopo das mesmas. Ao procurar seu gestor para contar suas ideias, após muitas tentativas, encontra alguém agitade e que antes de ouvir o que ele tem a falar, começa a cobrar e cobrar pequenas tarefas, numa clara micro gestão. Após certo tempo de interação estressante, meu mentorado consegue entrar no assunto das sugestões e ouve de seu chefe, uma fala ríspida e cortante: "Vamos ficar no combinado, ok? Pára de inventar mais trabalho. Se você entregar o que te pedi, já garante o seu e o meu"


O que há em comum entre estas duas situações?

O tédio no trabalho! Ambos os exemplos ilustram pessoas que não enxergam sentido no que fazem e se desconectam. Há uma clara percepção de que se está trocando seu tempo (vida) por dinheiro. Vive-se para pagar boletos. Não há reconhecimento de seus esforços, você sequer é visto. Estar neste local é um apanhado de horas intermináveis que você só deseja que acabe logo.

No entanto, este desanimo pode atingir não só sua produtividade, carreira, resultados da empresa e relacionamentos com colegas e família como pode afetar seriamente sua saúde mental.


*síndrome de boreout - traduzido como tédio no trabalho, vem do inglês "bored" (algo entediante ou chato). Caracteriza um estado de apatia e desinteresse que tira a empolgação e o prazer das atividades diárias. Gera desconexão. Também chamado de "presenteísmo" ( o corpo está ali, mas a alma já partiu faz tempo).

Diferente do "burnout" que é a tensão e o estresse excessivo provocado pelas condições de trabalho desgastantes; o "boreout" se dá pela falta de expectativas e motivação no trabalho. O burnout é considerado uma doença emocional. Já o boreout relaciona-se com a estrutura da empresa e o modo como o colaborador é visto e tratado.

Fatores desencadeantes:

  • ser submetido a intensa e longa jornadas de atividades rotineiras, repetitivas e automáticas;

  • ter pouco trabalho ou ser subutilizado com tarefas aquém de suas qualificações ou do escopo de seu cargo;

  • não ter reconhecimento, valorização de seus esforços ou encontrar muitas barreiras para propor melhorias e dar opinião sobre o modo de execução de suas tarefas;

  • Falta de perspectivas de crescimento, oportunidades e promoções na área ou na empresa;

  • Condições de trabalho insalubres ou precarizadas;

  • Excessos de conflitos, competição e clima tóxico.

Sintomas e Efeitos:

O colaborador apresenta um baixo grau de auto-exigência (fazer o mínimo necessário), apresenta um profundo aborrecimento com todos e falta de interesse pelos temas que se referem ao trabalho.

Este quadro, ao ser mantido por um período muito longo, pode acarretar: alteração na pressão arterial, irritabiidade, insônia, doenças de pele (psicossomáticas), instabilidade emocional, chegando a alcoolismo, drogadicção e até depressão.

Dicas:

O autoconhecimento é sempre o melhor caminho para que você possa compreender seus desejos, necessidades e motivações, bem como respeitar seus limites. Pergunte-se como você está utilizando positivamente seus dons e talentos? Qual o legado que você deseja deixar nesta jornada da vida? Quais são seus sonhos e objetivos? Quais os planos você tem traçado para realizá-los? Por que você está neste trabalho e nestas condições? O que lhe cabe fazer? Qual o preço a pagar por estas escolhas hoje e no futuro? O que te impede, de trava de fazer as mudanças necessárias e desejadas? Repense seus caminhos. Acolha-se. Se precisar, procure ajuda profissional.

O papel das empresas

Cuide de preparar um bom ambiente psicológico seguro, com diálogo, respeito e processos claros de feedback, de avaliação de desempenho, de carreira e oportunidades;

Cuide da cultura organizacional e da qualidade de vida de todos com diversidade, respeito e inclusão.

Ofereça parcerias e apoio para a saúde emocional dos colaboradores bem como um código de ética e conduta

Crie canais de comunicação, apure os desvios de conduta e aplique consequencias reais para os comportamentos de assédio e desrespeito.

Capacite e mensure o desempenho dos gestores por sua capacidade e dedicação na liderança de pessoas. Ofereça escuta ativa.

Veja abaixo alguns dados sobre o que as empresas estão fazendo


Se você é gestor(a):

Inclua tempo em suas tarefas para observar os colaboradores e suas relações interpessoais. Converse sobre os interesses, dificuldades e necessidades de cada um(a). Remova os obstáculos com uma escuta empática e clara orientação. Desdobre informações e permita que as pessoas se expressem sobre o trabalho, a equipe, etc. Valorize as contribuições, o empenho, a dedicação das pessoas para além de apenas os resultados.


Prevenir e tratar o boreout é responsabilidade de todes!


Se você gostou deste texto, me deixa saber e me ajuda a distribuí-lo por sua rede, compartilhando. Inclusive, durante esta semana eu abordarei estes temas em posts diários nas redes sociais.

E quem sou eu? Sou Lucimar Delaroli, psicóloga, coach e mentora de líderes e de profissionais de RH business partner, trabalhando com desenvolvimento Humano há mais de 30 anos e mudadora de mundos. Me chama e vamos juntos!

36 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo
bottom of page